quinta-feira, 28 de abril de 2016

Repelente


Antes mesmo de por os pés no mundo já ouvia  falar de amor, do bem e da falta que faz. Ouvia muito, via pouco.
De uns tempos pra cá, diziam que o amor acabou, que a culpa era de quem deu a quem não merecia. Nunca acreditou. 
Decidiu que se não via o dos outros, mostraria o seu.
Às vezes conseguiu. Às vezes mais, às vezes menos. 

Queria que fosse sempre mais e só não era porque muitos não reconheciam o amor, mesmo a uma pequena distancia; Queria, mas não podia emprestar os olhos.

Vez por outra ouvia aquela comparação ridícula entre amor e carência. Era um tapa na cara, doía, mas Lidava com a confusão - natural de quem não tem intimidade com sentimentos - de maneira singela. Estava decidido, amaria.

E amou. Amou porque para ele, o sentido do amor era "ida".

O amor "de volta" é reciprocidade.

Sabia que só a ida dependida dele,que   talvez nunca tivesse volta, e foi.
Dizem que foi longe, até onde conseguiu.
 
Seguiu a vida (Só)rrindo por aí, leve, livre, amando sem juras, lançando amor ao vento. 

Certeza nenhuma! Só torcia que o sopro fosse certeiro. 

Dizem que já foi mais forte. 
Acho que não. 
É que hoje resiste ao ímpeto de encher os pulmões e gritar que o amor não acabou.
É que hoje se poupa, 
É porque aprendeu que amor também é questão de fôlego.

É preciso saber lidar com quem não sabe ser amado e repele. É preciso insistir, é preciso ter fôlego pra isso.